Eles trocaram o pouco – que para eles era muito – por quase
nada, e acreditam ter tudo. "Bom mesmo é ser livre como um pássaro",
gritando ao vento, explica Luciano Santos, um capixaba de 29 anos que acaba de
se hospedar na Praia do Forte, em Cabo Frio. Literalmente. Ele, o campista José Antônio,
29, o mineiro de Belo Horizonte, Antônio Marcos Nunes, 33, e Waldemir Pereira
da Silva, 34, orgulham-se de ostentar como maior patrimônio a liberdade de
viver da arte.
Itinerantes como um grão de areia, não precisam de muito
para se instalar. Apenas um gesto de admiração, para fazê-los feliz – e uma
contribuição para prover o sustento. Já tendo passado por Armação dos Búzios,
Rio de Janeiro e até Bahia, eles transformam a areia em uma paisagem a mais
para ser admirada.
“Onde tiver areia a gente vai. Gostamos de ser livres. O que
a gente ganha, deposita para o nossos parentes e ficamos só com o necessário.
Dormimos aqui mesmo, para vigiar o nosso trabalho”, conta Waldemir que é
nascido em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, é casado e tem
dois filhos.
Cada um carrega uma inusitada história, que foi se cruzando
pela estrada – ou melhor, pelas areias. Todos tinham profissão. Morar na rua é
uma opção. A escolha deles, repetem, é ser livre. Esbanjam um sorriso acima de
qualquer suspeita e essa é a maior prova de que não lhes falta nada.
Mas a completude logo se fragiliza, quando confessam a maior
ambição do quarteto. Depois de amargar baixo faturamento no balneário de
Brigitte:
“Você é repórter? Se puder, dá uma ajuda para gente. Lá em Búzios a galera não
ajudava muito, tava ruim. Se as pessoas ajudarem a gente, pode ser doando, duas
barracas de camping, ia ficar perfeito. Hoje (sexta-feira, 9) acordei todo
molhado! Achei que o colega tinha feito xixi em mim”, gargalhou Luciano.
Pedido atendido ;)