Osresultados na venda de pescado na Semana Santa mostraram a todos os
resultados das obras e intervenções para a revitalização da Lagoa de Araruama
iniciadas há 15 anos articuladas pelo CILSJ. O período de 3 meses do defeso na
lagoa, onde os pescadores pararam de pescar permitindo a reprodução das
espécies, a fiscalização e as ações de ordenamento pesqueiro implantadas,
permitiram que espécies como robalo, tainha, perumbeba, saúba e camarão, em
tamanhos e quantidades que há muito tempo não eram vistos, fossem pescados na
Lagoa.
Em função deste resultado, pescadores das cidades do entorno
da lagoa se reuniram com o presidente do CILSJ para declarar que voltaram a ter
orgulho de ser pescador e que já estão podendo começar a viver novamente em
função da pesca e que, para que isso possa continuar, precisam da manutenção do
defeso, do ordenamento pesqueiro e da fiscalização na lagoa.
Conquistas ameaçadas
Apesar da melhoria das condições para a troca de águas do
mar com a lagoa, do retorno das espécies e da possibilidade dos pescadores
voltarem a viver exclusivamente da pesca artesanal, nem tudo está perfeito e
essas conquistas estão sob ameaça.
Segundo Arnaldo Villa Nova, presidente da plenária de ONG’s
da Região dos Lagos e coordenador da CT de Monitoramento do Comitê de Bacias
Hidrográficas Lagos São João, “Alguns pescadores insistem em praticar pesca
predatória e são suspeitos de afundar barcos de pesca e queimar redes. Cometem
violência contra os pescadores que buscam manter regras para uma pescaria
sustentável.”
De acordo com Arnaldo este grupo não obedece as regras
estabelecidas para a pesca na Lagoa de Araruama e busca agora inviabilizar a
portaria regulatória discutida na Câmara Técnica de Pesca do Comitê de Bacia
Lagos São João e implantada pela Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro
– FIPERJ e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA. Uma das reivindicações deste grupo é a alteração da pesca
com uso de redes de malha de 12 mm para as redes de malha de 10 mm, o que
comprometerá o desenvolvimento das espécies, podendo trazer grandes prejuízos
para a pesca.
Para a presidente da Colônia de Pesca Z-28 de Araruama,
Nadrijane Rodrigues “se esta portaria for modificada, podemos dar adeus aos
peixes da lagoa. A boca do canal fechada não deixa o peixe entrar e a pesca com
a malha indevida acaba com a fauna acompanhante e com os peixes ainda em
tamanho de crescimento. Isso acabará com a pesca artesanal na Lagoa.”
Participante desde o início de todo esse processo de
revitalização da Lagoa e ordenamento da pesca, o vereador Leandro Coutinho
Mattos, Presidente da Comissão de Revitalização da Laguna de Araruama da Câmara
de Vereadores de Iguaba Grande diz: “É lamentável que depois de tanta luta para
o ordenamento pesqueiro da Laguna de Araruama ainda exista este pequeno grupo
de São Pedro que apóia a pesca irresponsável. O ordenamento pesqueiro da Laguna
de Araruama foi feito de maneira integrada com o Ministério da Pesca,
Ministério do Meio Ambiente, Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro
(FIPERJ), Prefeituras do entorno e entidades de pesca da região. Foram anos de
muito trabalho com várias reuniões na Câmara Técnica da Pesca do Comite de
Bacia Lagos São João, sempre com a participação de todos os setores da pesca,
principalmente os representantes das entidades de pesca (Colônias e
Associações).”
O presidente da colônia Z-04 de Cabo Frio, Alexandre
Cordeiro, se posiciona dizendo que “nós pescadores de Cabo Frio somos a favor
da fiscalização e do ordenamento da pesca da lagoa, é preciso ficar bem claro
que a laguna não pertence só a São Pedro e sim a 5 municípios. É preciso
escutar todos os lados.”
Ambientalistas, integrantes da Câmara Técnica de Pesca do
CBH Lagos São João e representantes das colônias de pesca da lagoa estão se
articulando para que a portaria regulatória não seja derrubada procurando assim
garantir a continuidade da pesca sustentável na Lagoa de Araruama, permitindo
que peixes e camarões de bom tamanho, frescos e saudáveis possam ser consumidos
e que pescadores continuem vivendo da pesca e obtendo maior renda pela
qualidade do produto pescado.