A coligação formada por Lindbergh Farias (PT) se
candidatando ao governo do Rio de Janeiro, com o candidato a vice na chapa,
Roberto Rocco (PV), Romário (PSB) ao Senado e a deputada federal Jandira
Feghali (PCdoB) à reeleição foi lançada nesta quinta-feira (26), em uma casa de
shows na Baixada Fluminense, no movimento intitulado Frente Popular.
Pouco antes, fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ)
tentaram impedir o encontro, alegando que o lançamento da Frente configuraria
campanha eleitoral antecipada. A juíza Daniela Barbosa Assunção, do TRE de São
João de Meriti, emitiu ordem para cancelar o ato, alegando que só poderiam
estar no local filiados dos partidos envolvidos. Após confusão e entre supostas
ameaças de corte do som pelos agentes da justiça, o evento foi realizado com a
presença de quase cinco mil pessoas.
A deputada Jandira Feghali questionou a ordem judicial e
assumiu a responsabilidade de não assinar o documento do TRE. "Temos que
nos manter unidos. Queremos realizar o nosso ato. Estamos sob ameaça de
cortarem o som. Se cortarem, vamos fazer no 'gogó'", afirmou a deputada,
antes do evento.
"A gente sabe de onde vem essa provocação, não
sabemos?", comentou quando o ato já havia iniciado. Integrantes do PCdoB
ressaltavam que o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, promoveu o Aezão
com a presença de mais de 60 prefeitos em campanha para o candidato tucano à
presidência, e que o TRE não teria considerado “propaganda antecipada”.
Jandira falou ao JB sobre a formação da Frente Popular:
"Esta aliança é o que significa hoje a mudança da realidade do Rio de
Janeiro. Há hoje uma situação que se esgota, um governo que não responde mais
às necessidades do povo fluminense. É um projeto que não é democrático, não é
popular, só atende a um pedaço do estado. São projetos que não respondem nem à
Baixada nem ao interior, e este polo aqui (Frente Popular) representa uma visão
democratizadora, uma visão social abrangente, uma visão popular e uma visão
pela esquerda. Este é o outro polo do processo, o polo de mudanças reais para o
estado do Rio."
Romário elogiou o "ato generoso" de Jandira
Feghali, de retirar sua candidatura ao Senado pelo Rio para que ele próprio se
candidatasse. "Esta Frente Popular é uma frente que vai pra frente. Tem
condições de tirar o poder das pessoas que passaram a não nos representar mais.
Nós estamos aqui para cuidar do povo do Rio de Janeiro, esse é o nosso grande
objetivo. Este movimento vai mudar este estado. No Rio, estamos (PSB, PT, PCdoB
e PV) de mãos dadas."
Romário também comentou sobre o problema criado pelos
fiscais do TRE: "A gente já começou com esse problema. A gente poderia não
estar aqui agora, mas a disposição, a fé e a força fizeram com que o encontro
fluísse, e de maneira bastante positiva".
O candidato ao governo Lindbergh Farias, por sua vez,
ressaltou que a Frente Popular não é uma incoerência, em resposta a comentários
recentes sobre as alianças formadas no Estado. "A gente sabe que tem muita
gente apavorada com a formação da Frente Popular, mas essa atuação do TRE já
foi demais. Hoje, às 4 da tarde, na convenção do PMDB, o TRE foi lá? Não vamos
aceitar dois pesos e duas medidas", ressaltou o candidato. "Aqui nós
temos uma turma determinada, com garra, e que vai para as ruas, e é com toda
essa determinação que nós vamos começar nossa campanha em julho",
completou.
Sobre a articulação selada na manhã de domingo (22) no
apartamento de Aécio Neves, em Ipanema, com Pezão, Cabral e Cesar Maia, quando
ficou definido que este seria lançado ao Senado na chapa, e não Sérgio Cabral,
que abriu mão da candidatura, Lindbergh comentou: "Eu fiquei pensando, eu
estava feliz, agora estou mais feliz com a escalação do time adversário, sem
querer menosprezar, porque eles têm a máquina, o dinheiro. É uma política
superada, é um continuísmo."
Lindbergh falou que é fundamental que se coloque a qualidade
de vida das pessoas como questão principal e criticou o "nó
metropolitano" implantado na Região Metropolitana. "Eles (governo
atual do Rio) trabalham como se só existisse o Rio do cartão-postal, Zona Sul e
Barra", criticou. Lindbergh falou ainda sobre o projeto de pacificação,
que teria gerado um movimento de migração da violência para outras regiões,
como São Gonçalo e Baixada: "Eles descuidaram das regiões mais importantes
do Rio. (...) Cada cidadão é um cidadão, more ele onde for no Estado do Rio de
Janeiro."
Fonte: Jornal do Brasil