Em clima de desconfiança e clara divergência entre os
participantes, aconteceu, na manhã desta quarta-feira (02), o leilão do terreno
da antiga sede da Fundação da Infância e Adolescência (FIA) de Arraial do Cabo.
Arrematado pela empresa Volendam por R$ 10.545 milhões, a área tem cerca de 10
mil metros quadrados na Orla Shangri-la, na Praia dos Anjos. Com o dinheiro, o
poder público alega que será possível fazer investimentos no município, mas
oposição não concordou com a venda do espaço e afirma que contestará na justiça.
Com um atraso de cerca de meia hora, o leilão começou com
uma pequena confusão sobre o local que seria realizado. Inicialmente divulgado,
seria no Centro Cultural Manoel Camargo. Uma hora antes do leilão começar, ficou
decidido que a prefeitura de Arraial receberia o evento. No fim, após muita discussão,
o arrendamento aconteceu mesmo no Centro Cultural Manoel Camargo.
O tempo gasto com a discussão sobre o local foi maior que o
tempo gasto com o leilão. Em apenas 10 minutos, foi decidido que, entre a
empresa Volendam e a empresa OLM Negócios Imobiliários, a Volendam arremataria
os 10 mil metros por apenas R$ 45 mil acima do lance inicial. Apenas as duas
empresas participaram do leilão, pois somente elas estavam habilitadas para
realizar os lances.
O prefeito do município, Wanderson Cardoso de Brito (PMDB),
o Andinho, falou ao RC24h na
terça-feira (01) que a venda do terreno seria
capaz de aliviar as contas públicas. Para ele, a oposição quer apenas tirar
proveito politicamente, criando empecilhos para as escolhas do governo. Ainda
de acordo com Andinho, o município hoje arca com altos custos por não ter um
espaço físico próprio. A verba arrecadada do terreno seria usada para
construção de um teatro municipal e uma sede da prefeitura.
Oposição insatisfeita
A venda aconteceu sob muita insatisfação da oposição e, quem
acompanhou o arrendamento, não disfarçava os murmúrios de indignação. O
vereador Renatinho Vianna (Pros), que já conseguiu impedir uma vez a negociação
do terreno com um mandado de segurança, não conseguiu evitar a venda desta vez.
Durante os lances, o vereador alertou aos então possíveis compradores que havia
irregularidades na demarcação do terreno, além das questões judiciais entre a Álcalis
e a prefeitura da cidade pela posse da área.
O vereador Serginho (PHS), também oposição, acusou o governo
de estar agindo de má fé para com o povo. Para ele, o prefeito está se rendendo
à especulação imobiliária e que não há necessidades financeiras do terreno ser
vendido. Ele ainda afirmou que a empresa Volendam comprou algo que será contestado
incansavelmente na justiça. “O que estamos vendo aqui é total má fé contra o município”,
afirmou ele inconformado.
Serginho ainda tentou impedir o início do leilão
por causo do atraso e a confusão do local que abrigaria o arrendamento. Mas o
coordenador especial de compras de licitação, Anderson Santos Chaves, alegou
que não cabia a ele esta questão de organização.