Está marcada para as 16h desta terça-feira (16), em frente ao Museu e Casa de Cultura José de Dome, o Charitas, no centro de Cabo Frio, a
manifestação em favor do estado laico e contra a censura e homofobia. A organização do protesto é do Grupo Iguais e o foco é mostrar a indignação e o repúdio aos atos praticados pela direção do Charitas, contra a exposição fotográfica em
homenagem aos 10 anos da Parada Gay de Cabo Frio, da fotógrafa Tatiana Grynberg.
A revolta do grupo de militantes LGBTs tem fundamento. Desde quinta-feira (11), as fotos da exposição aparecem viradas para a parede. A explicação da direção da Casa, inicialmente, era que visitantes evangélicos teriam mexido nas fotos. Versão desmentida por internautas nas redes sociais. Segundo relatos de pessoas que estiveram na Casa de Cultura para visitar a exposição, foram os próprios funcionários do Charitas que viraram as fotos, com a ordem da diretora geral Sônia Portugal.
Militantes dos movimentos LGBT e estudantil, além de professores, fotógrafos, artistas, profissionais e demais pessoas indignadas com tal atitude se reunirão na tarde de terça-feira. O presidente do Grupo Iguais, Rodolpho Campbell, disse que a manifestação terá o tom de "Fora Sônia Portugal".
"Temos um prefeito progressista e sem preconceitos, um secretário de Cultura plural, que entende a diversidade e, inclusive, participou da Parada Gay de Cabo Frio. Mas, infelizmente, tem pessoas que ocupam cargos chaves, que colocam seus valores pessoais, em detrimentos de um local de interesse do público em geral. Essa senhora - Sônia Portugal, diretora geral do Charitas - teve uma postura medíocre. Queremos uma punição exemplar. Exigimos a aplicação da
Lei Anti-Discriminação que vigora no município desde março deste ano, e também a aplicação do Estatuto do Servidor Público e que essa mulher seja afastada do Charitas", disse Rodolpho Campbell.
Outros dois pontos importantes e destacados pelo presidente do Grupo Iguais, foi o fato dos funcionários do espaço cultural terem inicialmente informado que visitantes evangélicos teriam mexido nas fotos. "Isso é um absurdo sobre duas óticas. A primeira é a acirrar os ânimos de dois seguimentos da sociedade, que vivem em conflitos, que são os homossexuais e os evangélicos. A segunda, é a falta de respeito com a artista que está expondo o trabalho. Então um visitante chega e põe a mão na obra de arte na hora que ele quiser. Não há segurança, não há critérios. Poderiam roubar que ninguém teria percebido. Isso sem falar da censura em um espaço público cultural", destacou.
Secretario diz que é contra atitude da diretora do Charitas
O secretário de Cultura de Cabo Frio, José Facury, disse que não concorda com o posicionamento da direção da Casa e que, o mínimo que a diretora do Charitas deve fazer é "assumir o erro e vir a público pedir desculpas".
"Concordo com a revolta. Sou um ator e sei que a visão do artista nem sempre é compreendida pela sociedade. Esta é uma situação muito desconfortável. Uma pessoa que trabalha com cultura e que quer impor os próprios valores no local público. Isso é inadmissível. Já solicitei ao prefeito Alair Corrêa a contratação de um museólogo para a Charitas. Além disso, estou preparando um decreto, que passará pela avaliação e aprovação da Câmara de Vereadores e pelo prefeito, que estabelecer regras bem claras quanto da ocupação dos espaços públicos da cultura", disse José Facury.
Superintendente do Estado considera caso grave
O Superintendente de Direitos Individuais Coletivos e Difusos
do governo do Estado, Claudio Nascimento recebeu a denúncia via disk homofobia
e avaliou o caso como grave:
“Quando recebi a denúncia achei
extremamente grave. E como tal, exige uma resposta objetiva do poder público
municipal. Ficou clara não só a censura ao trabalho de uma artista como o
preconceito de homofobia por se tratar de uma expressão da arte dos homo
afetivos”.
Para Claudio, a atitude da coordenação do Charitas contraria a
última conferência de Cultura, que prevê a arte como forma de inclusão social. Para
ele, é necessária que sejam tomadas medidas enérgicas:
“Preciso que seja aberta uma sindicância para punir severamente essa
servidora que deu determinações para que se agisse assim. Vamos solicitar
uma audiência com prefeito para acompanhar esse caso de perto. Isso não pode passar em vão” - disse o superintendente.
Claudio Nascimento destacou que casos semelhantes como esses e em outras questões relacionados à homofobia podem ser
denunciados através do telefone 0800-2034567.