Sentimento de indignação porém em clima de paz, assim aconteceu a manifestação em favor do estado laico e contra a censura e homofobia, nesta tarde (16), em frente ao Museu e Casa de Cultura José de Dome, o Charitas, no centro de Cabo Frio. O objetivo foi o de mostrar o repúdio aos atos praticados pela direção do Charitas, contra a exposição fotográfica em homenagem aos 10 anos da Parada Gay de Cabo Frio, da fotógrafa Tatiana Grynberg.
Muitos cartazes transmitiam o sentimento que tomou conta de muitos, após o acontecido: "Sua religião não é nossa lei", "Sou gay, sou cristão", "Liberdade de expressão", "Deus é meu Pai e ele sabe que sou gay", "Não tente moralizar a minha cultura", "Basta à homofobia", entre outros.
Na quinta-feira (11), as fotos da exposição apareceram viradas para a parede. A explicação da direção da Casa, inicialmente, foi que visitantes evangélicos teriam mexido nas fotos. Versão desmentida por internautas nas redes sociais. Segundo relatos de pessoas que estiveram na Casa de Cultura para visitar a exposição, foram os próprios funcionários do Charitas que viraram as fotos, com a ordem da diretora geral Sônia Portugal.
Participaram do movimento os militantes LGBT e estudantil, além de professores, fotógrafos, artistas, profissionais e público em geral que se sentiu indignado com o fato.
Um dos pontos importantes destacados pelo presidente do Grupo LGBT de Cabo Frio, o Iguais, Rodolpho Campbell, foi o fato dos funcionários do espaço cultural "terem inicialmente informado que visitantes evangélicos teriam mexido nas fotos".
Ainda durante a manifestação, Sônia Portugal pediu desculpas formais ao grupo pelo ocorrido. A diretora confessou ter virado as foto e assumiu que foi um erro, mas alegou que queria somente evitar problemas.
"Não sou homofóbica. Só queria evitar uma situação delicada e acabei gerando mais problemas. Quero me desculpa, de verdade. E estamos de portas abertas para o movimento", declarou ela.
O secretário municipal de Cultura, José Facury, disse que não concorda com o posicionamento da direção da Casa. Para selar o "acordo de paz" entre as partes, o Grupo Iguais foi convidado para realizar um curso de capacitação entre os funcionários da Casa Cultural, ensinando os a correta abordagem ao público LGBT.
"Com isso, todos aprendemos a lidar com a diversidade tão presente na nossa sociedade e ter uma outra postura em situações como essas. Além disso, estamos contratando um museólogo para administrar o local e um decreto será publicado determinando regras claras, não somente para quem expõem, mas para os que recebem a exposição", disse Facury.
