As eleições deste ano mostraram dois fatores importantes sobre a política na Região dos Lagos. O primeiro é o conservadorismo que impera em todos os municípios e o segundo, o mau desempenho dos prefeitos que não conseguiram aumentar a adesão de votos para os candidatos que apoiaram. Com exceção dos prefeitos de Búzios, André Granado (PSC), que conseguiu aumentar a votação de Dilma Rousseff (PT) e Luiz Fernando Pezão (PMDB), na península.
Com isso, André - que era considerado peso morto entre os prefeitos da região - foi o único que fez o dever de casa, trabalhando pesado para a reeleição dos candidatos que ele apoiou. "Não sem trabalho", disse ele em entrevista ao Portal RC24h.
André Granado contou que, enquanto a oposição estava focada em eleger deputados, o grupo dele trabalhava pela reeleição de Pezão e Dilma. "Tomamos este posicionamento porque acreditamos que a manutenção destes nomes no poder vai favorecer muito o município de Búzios, trazendo mais obras e investimentos", disse o prefeito.
A insatisfação da população com a classe política não passou despercebida por Granado. Para ele, a eleição foi marcada por muitas críticas feita pelos eleitores. "Reconheço que Búzios ainda tem muito para melhorar. A insatisfação com a classe política como um todo foi grande. Mas acredito também que, na transferência de votos, ficou nítido o entendimento da população do nosso posicionamento. Afinal, manter a parceria com os governos federal e estadual é importante para Búzios", frisou.
Além de André Granado, Graziela Magalhães (PP), prefeita de Iguaba Grande, também cumpriu o dever de casa e conseguiu deixar Pezão na frente na cidade. Mas, o que mais se destacou nesta eleição, de longe, foi o prefeito de Araruama, Miguel Jeovani (PR). Além de eleger a mulher dele, Márcia Jeovani (PR), a deputada estadual, conseguiu muitos votos para Marcelo Crivella (PRB) no município. O prefeito foi procurado pela equipe do RC24h, por meio da assessoria de imprensa. Mas, ninguém retornou as ligações.
Conservadorismo imperou na região
Pelo resultado da votação em toda a região, o que pode ser notado é o quanto o eleitor é conservador. Fato que é o candidato do PSDB, Aécio Neves, ganhou em todas as cidades da região. Para o blogueiro e professor de história, José Francisco Moura, o Chicão, o voto do cabofriense sempre foi conservador e isso ficou, mais uma vez, claro diante do resultado da eleição.
"Tiveram mais votos Aécio Neves e Marcelo Crivella. Mas a cidade sempre foi assim. Quando Lula foi reeleito, Garotinho ganhou em Cabo Frio e na época ele não era evangélico. Collor ganhou de Lula em 1989 ou seja - o voto cabofriense é conservador", disse Chicão.
Outro ponto de vista que tenta explicar este resultado, pelo menos em Cabo Frio, é o do prefeito Alair Corrêa (PP), que não conseguiu grande adesão de votos para Pezão nesta eleição. Para ele, indiscutivelmente, o ex-governador Garotinho é muito forte nas cidades da Região dos Lagos e foi um dos responsáveis pela votação do Crivella no segundo turno. Além disso, o forte seguimento evangélico na região, principalmente em Cabo Frio, também pesou nos resultados das urnas.
"Em Cabo Frio, mais de 50% da população é evangélica. Para se ter uma noção desse potencial são mais de 700 igrejas em nossa cidade e de todas as denominações, sendo que só em Tamoios, no 2° Distrito, são 300 igrejas abertas. Esses foram os únicos motivos que levaram o Crivella a ter colocado um pouco mais de votos do que demos para o Pezão. Considerando que o senador não contou em Cabo Frio com qualquer líder político expressivo, que pudéssemos creditar um voto sequer. Assim como também não teve em nossa cidade coordenadores de campanha com conhecimento político ou força eleitoral que pudéssemos, a eles, também creditar alguns dos votos.
Resumindo, os votos obtidos pelo Crivella em Cabo Frio e nos outros municípios da Região dos Lagos foram dados por Garotinho, os Evangélicos e mais ninguém. Como os do Pezão foram dados pelo nosso grupo e pelo grupo dos meus adversários, já que trabalhamos, nesse caso, no mesmo projeto, elegê-lo", descreveu Alair nas redes sociais.
E a corrente evangélica foi forte nas urnas. Uma internauta, que preferiu não se identificar, contou para a reportagem do RC24h que, a orientação, muitas vezes velada, nas igrejas de Cabo Frio era para que os fiéis não votassem no PT. "Isso devido a alguns posicionamento do governo Dilma, que não condizem com nossas crenças", limitou-se a dizer a internauta.
