Surfista de Cabo Frio sem os dois braços vence atletas sem deficiência

Um ano após perder os dois braços em uma explosão, Jonas Letieri se destaca em campeonato em São Paulo. Ele é o único sufista do mundo sem as duas mãos


esporte é como uma religião para muitas pessoas. Sempre foi assim com Jonas Letieri, designer gráfico de 29 anos. Desde os cinco anos ele se arriscou em diversas modalidades esportivas. Futebol, judô, kung-fu, jiu-jítsu, capoeiraciclismoskate, basquete... até descobrir a grande paixão pelos esportes aquáticos. Nascido em Santos, mas atualmente residente de Cabo Frio, Jonas precisou se reinventar no surf após perder os dois antebraços em um acidente aos 26 anos. Hoje ele diz que encontrou no Stand Up Paddle a felicidade de estar de volta ao mar.

Hoje Jonas é o primeiro no ranking do Aloha Spirit - competição realizada em março em Ilha Bela, litoral de São Paulo - na primeira etapa da categoria por idade. Ele também vem se destacando por competir em categorias sem benefícios. Até onde se sabe, é o único do mundo que surfa sem as duas mãos em um esporte de remo. E o que torna a conquista mais especial, é ter surgido do próprio Jonas a ideia de criar seu equipamento.

"O remo é de carbono. É uma adaptação de aço, uma coisa meio artesanal que eu e meu pai criamos. A gente descobriu que dava certo. Foi uma solução simples de certa maneira. As argolas foram feitas com coisas que eu achei no quintal de casa ou na vendinha da esquina", contou ele.

Recentemente o atleta participou do Battle of the Paddle Brazil, onde conquistou o terceiro lugar na corrida de seis quilômetros race, ficou em nono na corrida de três quilômetros race, e quarto no revezamento de equipes.

"Para mim foi uma descoberta. Aprendi a andar novamente, reaprendi até a escrever. Deus me deu a chance de aprender a surfar novamente, o que é tão divertido, poder pegar a primeira onda. Eu tive essa alegria após 26 anos. É como a fonte da juventude", disse.

História de superação

Há três anos Jonas  Letieri sofreu um acidente que mudou a relação dele com a vida. Enquanto fazia a instalação de uma placa de metal na Igreja que frequenta, em Cabo Frio, tocou em um fio de alta tensão. O choque de 13.800 volts o deixou vivo, mas fez com que amputasse os dois antebraços. Dono de uma alegria inesgotável e uma energia surpreendente, foi na busca incansável pelo esporte que ele encontrou uma maneira de superar a deficiência e voltar para o mar. 

"Eu sempre surfei, sou filho de surfista, cresci no mar. Deus me deu essa segunda chance. ?Não existe limite para o nosso sonho. Existe é empecilho que vai fazer a gente desistir do que a gente gosta de fazer. Como foi no meu caso, sempre amei estar no mar, e o stand up paddle foi a forma que achei de realizar esse sonho de estar de volta. Pensei: 'vai ser impossível? Vamos tentar. Vamos quebrar a cabeça, se não der desse jeito, a gente tenta de outro e vai tentando até conseguir. E se não conseguir também, só esse processo já é um prazer'", contou o atleta.

Desde que teve a ideia de tentar adaptar o próprio remo, Jonas passou pela desconfiança de muitos, mas não desistiu.

"Foi um ano até conseguir. Tentei surfar de pranchinha, de longboard, de todo tipo de prancha. Não consegui! Até o dia que tive a ideia de adaptar o stand up paddle. Eu tive ideia de fazer as argolas. Muitas pessoas me falaram que não ia dar certo, que seria impossível surfar ou remar sem as mãos. Mas eu estava confiante. Comprei essa briga, comprei essa prancha. E eu já estava pegando onda no dia em que adaptei", finalizou Jonas.

Fonte: Globo Esporte 

Categorias: Esporte

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