DESABASTECIMENTO TOTAL: Novo secretário afirma que Saúde de Cabo Frio está em situação caótica

Segundo Antônio Macabu, situação do almoxarifado é desesperadora, local é insalubre e falta até seringas. Ex-secretário Roberto Pillar contesta e afirma que passou todas as informações necessárias, inclusive deixou dinheiro em caixa


Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira (31), o novo secretário de saúde de Cabo Frio, Antônio Macabu, desabafou. Aos jornalistas presentes ele disse que a pasta que ele gerencia está em situação “caótica e desesperadora, além de totalmente desabastecida de insumos e medicamentos”. Foram essas as palavras usadas por ele para explicar as medidas tomadas nos últimos dias, como compras sem licitação, para abastecer postos e unidades hospitalares. De acordo com Macabu, o que lhe foi passado pela antiga administração, durante a transição de governo, não corresponde com a realidade que ele encontrou ao assumir a secretaria. “Foi uma verdadeira armadilha”, afirmou.

Segundo o secretário, contratos com fornecedores de medicamentos, insumos e até alimentos foram encerrados antes dele começar a trabalhar, deixando todas as unidades hospitalares e de saúde da cidade, totalmente desabastecidas. “Encontrei a rede municipal carente de tudo. O almoxarifado em condições insalubres, sem computador ou controle do que tinha em estoque. Sem remédios ou seringas. No último fim de semana consegui empréstimos e ajuda de algumas empresas para não deixar as unidades pararem. Não foi a forma mais correta, mas diante do desabastecimento total, foi a forma que consegui fazer para não deixar a população sem atendimento médico”, contou o secretário.

Na visão dele, o problema vem ocorrendo há muito tempo e os contratos foram encerrados em forma de armadilha. “O natural é que esses contratos fossem continuados e encerrados após assumirmos a secretaria. Para se ter ideia, os contratos com alimentos foi encerrado e existe o risco de ficarmos sem comida para funcionários e pacientes. Conto agora com a boa vontade do empresário de continuar atendendo enquanto o novo contrato seja feito dentro do trâmite legal”, disse Macabu.

Quanto ao almoxarifado, que funciona na Avenida Teixeira e Souza, próximo ao trevo de Arraial do Cabo, funciona em condições insalubres. “Não há um computador sequer, nem internet. Desta forma, os funcionários que lá estão não têm controle de nada. Não há remédios, nem insumos. O prédio onde funciona está em situação de despejo, pois o proprietário pediu o imóvel. Não há a menor condição de controlar nada. Estamos tentando reverter essa situação a duras penas”, relatou o secretário.

Outro ponto destacado por Macabu foi o Hospital da Criança. Segundo ele, trata-se de um prédio público abandonado e largado a própria sorte, com mendigos morando no prédio. Fizemos uma vistoria, levei o procurador e o secretário de Obras e o que encontramos foram condições horrorosas. Não tem como botar para funcionar nem em curto ou longo prazo. Alguém tem que ser responsabilizado por isso. Mas quero destacar que tudo isso não é problema do governo de Adriano, mas sim das gestões passadas”, frisou Antônio Macabu.

 

NÃO HÁ ARMADILHAS. ELE TEM QUE TRABALHAR!”

O ex-secretário de saúde de Cabo Frio, Roberto Pillar, disse ao Portal RC24h que não houve armadilha nenhuma, muito menos má vontade com o sucessor dele. De acordo com Pillar, toda a situação dos contratos, incluindo o prazo de vencimento foi passado a Antônio Macabu durante a transição do governo.

“Ele tenta culpar a minha gestão, mas na verdade é a dele que enfrenta problemas. O processo dos estoques de medicamentos e insumos vence nesta terça-feira (31). Trabalhávamos com estocagem mensal, por motivos simples, para evitar furtos, por falta de condições de guardar medicamentos, para reduzir perdas e vencimentos dos medicamentos. Por isso abastecíamos a rede mensalmente. Ele poderia fazer o pedido hoje, que a entrega é feita em 24h. Eu avisei a ele todos os prazos. Disse quais os contratos venceriam no fim deste mês, que a secretaria tinha saldo de R$ 5 milhões, suficiente para a compra de insumos para os próximos três meses”, explicou Pillar.

Para o ex-secretário, se Macabu tivesse feito o trabalho dele, que é o planejamento das ações, não estaria passando aperto agora. “Muita coisa eu não poderia fazer, como renovar contratos, no fim do mês. Eu não encerrei nada, não deixei armadilha nenhuma. Pelo contrário, deixei contratos em vigência e avisei sobre todos os prazos. Ele fala do almoxarifado, mas o setor ainda não tem uma pessoa responsável, assim como no setor de compras. As pessoas que lá estão nem sabem se vão continuar. A primeira coisa que deveria ser feita é colocar uma pessoa para fazer conferência de tudo o que se tem em estoque. Mas ele demorou dias para fazer isso e agora quer colocar a culpa na minha gestão. Quanto ao Hospital da Criança, quem destruiu tudo foi o governo de Alair Corrêa, quando Adriano era vereador. Já o caso das ambulâncias, eu avisei ao novo secretário que a empresa prestadora de serviço era péssima, mas eu não poderia suspender o contrato no fim do governo. Ele poderia convocar o segundo colocado da licitação, por exemplo. Tudo é questão de trabalhar. Só isso”, finalizou Roberto Pillar.

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