O clima esquentou na noite desta terça-feira (07), na sessão da Câmara de Vereadores de Búzios. A Frente Feminista protagonizada pelo Setorial Regional de Mulheres do PSOL Região dos Lagos e diversas organizações de mulheres tentaram, sem sucesso, protestar contra a moção de repúdio ao STF em razão da ADPF 422, que trata da descriminalização do aborto. A moção foi aprovada, mas o grupo relata que o direito de se manifestar foi negado pela maior parte dos vereadores presentes.
- A nossa pauta não foi ouvida pois nos foi impedida a palavra. Não conseguimos ler a Carta/Manifesto redigida pela Frente Feminista de Búzios, o que foi negado pela presidência e vereadores presentes. Tivemos momentos de tensão e embate. A vereadora Gladys nos recebeu e se posicionou contra o aborto, mas a favor das medidas de saúde pública. O nosso próximo passo é organizar um fórum ou audiência pública para apresentar e discutir dados da saúde da mulher buziana. Também protocolamos um pedido formal na Câmara para que possamos usar a tribuna e, finalmente, ler a Carta – disse Camila Raupp, que faz parte do setorial regional de mulheres do PSOL.
Estiveram presentes na sessão as seguintes organizações: Marcha Mundial das Mulheres, Coletivo da DS do Partido dos Trabalhadores, Movimento de Mulheres da Região dos Lagos, Movimento de Mulheres Olga Benário e Mulheres pela Segurança de Búzios. De acordo com o relato de Camila, a Frente Feminista seguiu os protocolos para uso da palavra durante o grande expediente, mas devido à lentidão do trâmite, não aconteceu. E não aconteceria, uma vez que a pauta foi colocada na manhã de segunda-feira (06), e não haveria tempo hábil para seguir o protocolo e a Frente pudesse fazer essa leitura.
Ainda de acordo com a Frente Feminista, os vereadores seguiram a pauta do dia e durante a leitura da moção, proposta pelo vereador Niltinho de Beloca (MDB), as mulheres e homens do movimento colocaram-se de costas e empunhando cartazes em protesto à forma arbitrária com que a Câmara se colocou em relação ao diálogo com a maioria. Algumas palavras de ordem foram puxadas e a sessão foi suspensa.
Outra cena que chamou a atenção foi a troca de argumentos entre a Frente Feminista e um grupo de representantes da igreja católica. De um modo geral, não houve espaço para manifestações contrárias a moção de repúdio. Segundo Camila, “a sessão seguiu sem a intervenção democrática da Frente Feminista e a moção foi aprovada, com exceção do presidente da Casa, João Carlos de Souza (DEM) e da vereadora Gladys Costa (PROS) e sem discussão com parcela significativa da sociedade”.
A Câmara de Vereadores de Búzios, foi procurada para comentar sobre o episódio, mas até o fechamento da matéria a assessoria da Casa não tinha conseguido um posicionamento do presidente. O vereador Niltinho de Beloca também foi procurado para comentar o caso, mas não retornou os contatos da Redação.
