Ameaçada de morte pela família do aposentado Claudionor Ramos do Nascimento, falecido no último dia 25, na UPA de Cabo Frio, e afastada dos atendimentos na unidade, a médica Drª Leylane Peixoto registrou um boletim de ocorrência por difamação e ameaça na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Ela nega que tenha ocorrido omissão de socorro imediato e que todos os procedimentos médicos foram prestados ao paciente.
De acordo com a médica, o paciente passou pela classificação de risco e a equipe informou que ele estava com “pressão não muito alta, mas dispneico”. Prontamente, ele foi levado à Sala Vermelha.
- Fui avisada pela funcionária da classificação de risco sobre um paciente idoso e cardiopata. Falei para trazê-lo imediatamente para a Sala Vermelha, auscultei e o ruído que chamamos de estertor não estava muito característico se era bolhoso ou não. A família ficou na porta me pressionando e respondi que podia ser uma pneumonia, ou ser algo relacionado a uma crise hipertensiva. Se fosse pneumonia, ele seria atendido na Sala Amarela, do contrário, permaneceria na Vermelha – disse.
Ela nega que tenha fechado um diagnóstico de imediato, pois o idoso foi acompanhado pela equipe a todo instante. Além disso, a Drª Leylane destaca que por ser a médica plantonista se ausentou somente para dar atenção aos outros casos que deram entrada na UPA, enquanto o aposentado era monitorado por 2 enfermeiras.
- Me ausentei da Sala Vermelha para atender alguns pacientes, pois a unidade estava cheia. Retornei, auscultei novamente o senhor Claudionor e identifiquei o estertor bolhoso. Sinalizei para a equipe os procedimentos que deveriam ser adotados de acordo com o quadro. Foram feitas todas as medicações de protocolo de um edema agudo de pulmão. Ele evoluiu para uma fibrilação atrial. Quando isso aconteceu, entramos com as medicações para o novo quadro. O paciente teve um shock cardiogênico e foi a óbito. Não houve demora. Ao invés de ficar registrando cada passo no computador, o atendi imediatamente – explicou.
A médica conta que, após a confirmação do óbito, foi coagida por familiares de Claudionor e foi imediatamente afastada de suas funções na unidade de saúde pela Secretaria Municipal de Saúde. Com a documentação de todo o procedimento em mãos e também o Boletim Registrado na DEAM, Drª Leylane ressaltou que os advogados Cláudio Mansur e Cristiane Mansur estão cuidando da parte jurídica do caso.
- Fizemos manobras de ressuscitação, sem sucesso. Quando fui comunicar a família na sala de serviço social, a filha dele me xingou e acusou de ter assassinado o paciente. Inclusive, o marido dela disse que “vida se paga com vida”. Fui coagida e tive que ficar na administração sem conseguir terminar os atendimentos do plantão. Sou médica há 23 anos e não tenho processo nenhum. Agora estou afastada e não tenho como fazer os meus plantões extras – finalizou.