Nas últimas duas décadas é notório o aumento da população caracterizada como “terceira idade” e com isso proliferaram investigações em torno do envelhecimento cerebral que abriram novas portas para intervenções.
De acordo com a OMS até 2050 haverá dois bilhões de idosos no mundo. Em termos de Brasil, segundo o Ministério da Saúde a previsão é de que em 2030 a população idosa será maior do que a de crianças de 0 a 14 anos. Entre 2012 e 2017, a população brasileira com 60 anos ou mais cresceu 18,8%. O aumento evidência o envelhecimento gradativo e foi constatado na pesquisa Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2017, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no último mês de abril.
Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais profissionais têm se juntado para fazer com que esses indivíduos possam se sentir cada vez mais inseridos na sociedade. Para isso, é necessário investir em atividades que envolvam tanto as áreas físicas quanto psíquicas. Reabilitar significa restituir os direitos, a capacidade e situações perdidas e isso vai ao encontro de tudo que eles desejam para a continuidade de suas vidas.
A Reabilitação Cognitiva é uma intervenção clínica direcionada a indivíduos com prejuízos cognitivos e comportamentais decorrentes de lesões cerebrais, doenças degenerativas e outros transtornos. Entre os principais objetivos da Reabilitação estão a readaptação cognitiva, psicológica e social, através da redução dos impactos negativos dos déficits cognitivos e promoção da qualidade de vida. Pretende-se com isso estimular as funções cognitivas, como por exemplo, memória, atenção, funções executivas, através de exercícios e estratégias cognitivas e comportamentais.
É um processo multidisciplinar que envolve diferentes profissionais, tais como, Médicos Geriatras, Neuropsicólogos, Terapeutas Cognitiva-Comportamental, Gerontólogos, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Fonoaudiólogos, Psicologos, Psicopedagogos, Neuropsicopedagogos, Neurologistas, entre outros e os familiares que atuam conjuntamente para auxiliar na adaptação e reintegração do indivíduo ao meio.
O reconhecimento sobre a plasticidade do cérebro idoso, que sugere um potencial de aprendizagem ao longo do envelhecimento, vem justificar o surgimento das intervenções de reabilitação. Neste sentido importa alertar para necessidade de implementar intervenções que se baseiam na plasticidade do cérebro, característica presente quer no envelhecimento saudável quer no envelhecimento patológico (declínio cognitivo ligeiro, demência, ainda que em menor escala).
Contudo, estas intervenções são ainda pouco disseminadas na comunidade por isso, não acessíveis à população sênior que dela possa ter proveito. É importante ressaltar que o poder público tem papel fundamental nesse processo com adoção de políticas públicas voltadas para a população com menor poder aquisitivo e não somente uma minoria.
*Maristela Oliveira – Professora e Psicopedagoga, Especialista em “Estudos da Língua Portuguesa”, Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Clínica e Reabilitação Cognitiva (Instituto Sinapses). Contatos: Tel/whatsapp (22) 992323366 – e-mail: maristelapsiconeuro@gmail.com
