No próximo domingo (2), o professor doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade de Santa Cruz (BA), João Carlos de Pádua, chega a São Pedro da Aldeia (RJ) para realizar um estudo de viabilidade econômica da cadeia da tainha, pescada na Lagoa de Araruama. O objetivo é estabelecer valores justos para o pescado de forma a se valorizar a atividade da pesca tradicional, garantindo a sobrevivência da Lagoa e da espécie.
O estudo, encomendado pelo Projeto Pesca+Sustentável, da CI-Brasil, em parceria com a Associação de Pescadores Artesanais e Amigos da Praia da Pitória, segue o modelo do que foi feito no Sul da Bahia, nas cadeias produtivas do caranguejo e robalo. O professor fez este estudo na Reserva Extrativista de Canavieiras e o resultado foi bem interessante. O preço que atende ao pescador e não causa super exploração dos recursos naturais foi de R$ 1,12 a unidade do caranguejo e em torno de R$ 22 o Kilo do robalo. O atravessador, em geral, paga em torno de R$ 0,50 a R$ 0,70 o caranguejo e entre R$ 18 e R$ 20 o kilo do robalo.
Foi feita ainda a simulação de uma unidade de comercialização que possa comprar do pescador e vender para o consumidor final, com preços tabulados para diferentes cidades e a quantidade mínima para viabilizar a cadeia.
Só na Reserva Extrativista de Canavieiras são 2.500 famílias vivendo da captura de caranguejo e pesca do robalo. A maioria com método tradicional que não agride o mangue e garante a reprodução da espécie.
Na Lagoa de Araruama, onde o estudo de viabilidade começa a ser feito na próxima semana, são cerca de 600 famílias vivendo da pesca da tainha. O método do gancho também é considerado sustentável. O peixe está em período de defeso e a pescaria só volta final de outubro. O professor João Carlos e sua equipe passam a semana na região, fazendo o levantamento de todos os custos que envolvem a cadeia pesqueira.
SOBRE O PESCA+SUTENTÁVEL / Desenvolvido pela CI-Brasil e premiado em 2014 no Desafio de Impacto Social Google, o programa atua junto a 5 mil famílias pesqueiras no RJ, PA e BA. O objetivo é criar regiões de referência para a conservação marinha, incentivar boas práticas de pesca, propiciar a conservação de espécies e ecossistemas, valorizar as comunidades para que se beneficiem desse desenvolvimento, além de iniciar um processo de consumo responsável junto ao mercado brasileiro de pescados.
Durante o mês de julho, em parceria com o app de comida japonesa Japp, o programa conseguiu comercializar mais de 200 Kg de tainha pescada de modo sustentável na Lagoa de Araruama para 21 restaurantes japoneses do Rio de Janeiro, experiência que pode se estender a outras regiões do Brasil.