O júri popular condenou a 20 anos, em regime inicial fechado, a assessora Islay Cristina Pereira de Souza, acusada de matar a golpes de estilete a empresária Raquel Melo Mota, de na época com 39 anos. A decisão saiu pouco antes das 23h desta quarta-feira (26), após mais de 12 horas de julgamento. O crime ocorreu na Ilha da Caieira, em Macaé, em novembro de 2017.
O julgamento da assessora começou por volta das 11h30 desta quarta (26) e foi marcado por cenas de emoção. Logo no início, Islay tentou abraçar o marido de Raquel, se ajoelhou perante a ele e pediu perdão.
Sob clima de tensão, Vanderson Fernandes, que prestou depoimento como informante, aceitou o pedido, mas se manteve firme. Ao chegar ao Fórum de Macaé, o marido da vítima disse ter perdoado a assassina de sua mulher, mas que o perdão não significava que ela deixe de ser penalizada pelo ato.
"Não tive a oportunidade de ficar frente a frente com a Islay, mas se estivesse, diria que a perdoaria", disse Vanderson antes da audiência.
Durante o julgamento, o promotor do Ministério Público (MP), citou o pedido de perdão de Islay, mas ressaltou que o mesmo não mudaria os fatos. "A Islay teve a chance de abraçar o marido da Raquel. Mas a Raquel ninguém mais vai poder abraçar", disse.
Tendo em vista a sensibilidade do momento, a defesa tentou apelar para o sentimentalismo. "Eu gostaria de ter a metade do coração dessa mulher. Alguém que tem amor à vida dos outros. Que tira do dela para dar aos outros. Alguém com essa situação vivida, desde a sua infância. Mas o que prevaleceu no coração dela foi o amor", afirmou o advogado, citando a infância complicada vivida pela ré.
Não obstante, em seguida a promotoria rebateu. "Não são os seus traumas de infância que vão justificar o que você faz. A Raquel não tinha nada a ver com isso. E ela morreu. Desde pequena a Islay assumia o risco, quando afrontava as pessoas. O risco para ela não era um problema. Isso se reflete nos casos que eu comentei aqui. Foram três situações judicializadas que a Islay já passou. Essa já é a quarta. Fora as que não foram as que não foram processadas", disse, concluído ainda dizendo que "a defesa afirma que ela é um avalanche de amor. Mas não é o que as provas mostram".
Durante a leitura da sentença, o juiz da 1ª Vara Criminal de Macaé, Wiclyffe de Mello Couto, destacou que a condenada é uma pessoa com antecedentes de violência, que age com impulsividade, sem qualquer análise de suas condutas. "Ela teve todas as chances de evitar um resultado mais gravoso, visto que seguiu a vítima", disse o magistrado.
Islay está presa deste o dia 22 de novembro do ano passado no presídio feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes. Neste período ela teve quatro pedidos de habeas corpus negados pela Justiça.
O júri a condenou por homicídio qualificado. Ainda segundo a sentença, Islay Cristina não poderá recorrer em liberdade, pois oferece riscos a sociedade.
Entenda o crime
O crime aconteceu logo após uma briga de trânsito. A confusão começou no Centro de Macaé e terminou no condomínio, na Ilha da Caiera. As imagens da câmera de segurança mostram o momento em que as duas mulheres chegam ao condomínio. A acusada para atrás do carro empresária e desce do veículo e a discussão recomeça. Islay retira o estilete da bolsa e arranha automóvel de Raquel, que reage. Elas começaram uma briga e a vítima acabou atingida três vezes.
Raquel, que estava acompanhada da filha de 13 anos no momento do crime, chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Público de Macaé (HPM), onde passou por uma cirurgia para estancar o sangramento, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.
Islay é natural de Fortaleza, no Ceará. Ela tem passagens pela Justiça tanto no Rio de Janeiro quanto em sua cidade natal por crimes de ameaça, lesão corporal, direção perigosa e exercício arbitrário das próprias razões.