Tal como aconteceu em todos os cantos do país, Cabo Frio também se mobilizou neste sábado (29) e reuniu cerca de 5 mil pessoas - do meio da tarde até a noite - pelas ruas da cidade, numa manifestação contra o ódio, a intolerância e o fascismo, e em defesa de um Estado democrático onde os Direitos Humanos básicos sejam respeitados.
O evento #EleNão contou com roda de conversa, música e fechou com uma passeata do Centro à Praia do Forte. O evento foi divulgado pelas redes sociais e teve grande adesão, uma das maiores do ano em atos públicos. A reunião foi pacífica e não houve registro de ocorrência policial.
Professores, autônomos, funcionários públicos, famílias inteiras, público LGBT, enfim, o ato também foi marcado pela diversidade. Os participantes fizeram faixas, cartazes, vestiram camisetas, e todos - cada um do seu jeito - dava o recado de insatisfação do momento atual político. Palavras de ordem e músicas foram entoadas.
"Estou em êxtase! Foi lindo e maravilhoso cada segundo. Me emocionei em diversos momentos e lavei a minha alma. Ficou e ficará registrado na história de Cabo Frio, da Região dos Lagos, do Brasil e do mundo esse momento que vivenciamos e tive o prazer de protagonizar com a mulherada poderosa brasileira. Obrigado a todos nossos colaboradores solidários (pessoas físicas que ajudaram a financiar a estrutura de nossa manifestação), aos artistas culturais que se dispuseram a participar de nosso ato com seus trabalhos, nossos companheiros de luta que ajudaram na coordenação da organização e todos membros do Grupo Iguais que ajudaram a construir esse momento épico", disse Rodolpho Campbell, que é membro do Conselho Estadual LGBT.
DIVERSIDADE DE PÚBLICO MARCOU EVENTO
Entre o público tão variado, duas mulheres de gerações distintas chamavam a atenção: Lígia Salles e a neta, Victória, que fizeram questão de marcar presença e soltar a voz. Lígia disse ter orgulho de ver que a neta "não é uma alienada", disse. "Sou de uma geração onde as mulheres eram extremamente oprimidas e não quero que minha neta viva essa eperiência", completou.
Poucos metros da avó e neta, uma turminha bastante animada acompanhava tudo de perto: casal e os dois filhos "davam banho" de cidadania e democracia. Daniella Rigueira e Fábio Rigueira, com os filhos João Gabriel, de 10 anos, e Maria Clara, 14. A mulher e o marido apoiam candidatos diferentes, mas a democracia impera na casa. Acima de tudo, disseram, o mais importante é ensinar os filhos a pensarem, avaliarem e respeitarem ideias diferentes.
"Na nossa família a palavra de ordem é diálogo aberto sobre temas de importância social, ensinamos q o respeito às diferenças é fundamental para a construção de uma sociedade melhor.
Ensinamos nossos filhos a pensarem, questionarem e a chegarem as suas próprias conclusões, e sempre respeitando as ideias diferentes, e mostrando a importância da participação deles em movimentos políticos e sociais".