Théo Silveira, presidente do grupo Arraial Free, ong que luta pelos direitos da população LGBTQ e contra a homofobia em Arraial e região, voltou a ser vítima de discriminação pública durante a tarde deste domingo (21), na Praia do Forte, em Cabo Frio. 

O transexual, que havia estacionado seu carro em frente aos quiosques, acabou humilhado por pessoas que participavam de um ato político nas proximidades. O fato foi registrado em vídeo, que foi compartilhado nas redes sociais e já conta com mais de 515 mil visualizações, milhares de compartilhamentos e muitas mensagens de solidariedade.

Théo já havia sido vítima de preconceito há cerca de dois meses, quando chegou a ser chamado de "demônio" pelo vereador Arizinho (PV) durante sessão da Câmara de Arraial do Cabo realizada no dia 18 de agosto.

"Estava com um amigo em um quiosque me preparando para ir para a Parada LGBT de Araruama, e percebi que a carreata dos apoiadores de Bolsonaro estava seguindo para a nossa direção. Para evitar contratempos, resolvemos pegar o carro para ir embora, mas no meio do trajeto começamos a ouvir um monte de desaforos. Como me senti ameaçado, resolvi começar a filmar, e foi justamente nessa hora que um senhor começou a me jogar água, como se estivesse me benzendo ou exorcizando, e ainda debochou perguntando se eu era "menino ou menina". Depois que me afastei do grupo, percebi que eles tinham me seguido e fizeram novas ameaças, dizendo que dessa vez jogaram água, mas na próxima vão meter bala. Pouco depois, apareceu uma viatura, e na hora em que íamos falar com os policiais, eles começaram a interagir com alguns manifestantes e fazer o sinal de arma característico dos seguidores do Bolsonaro. Acabamos pedindo um carro e saímos meio que escondidos da praia, pois estávamos com medo e percebemos que eles estavam nos procurando" - revelou, sem esconder a tristeza com o episódio.

O presidente do Arraial Free se disse cansado das discriminações sofridas por ele e outros homossexuais, mas garante que as mensagens de apoio recebidas o motivam a continuar lutando pelos direitos do público LGBTQ.

"É tanto sentimento junto que nem sei classificar o que estou sentindo agora. Me senti a pior pessoa do mundo naquele momento. Estava sendo agredido pelo simples fato de existir e ser quem eu sou. Mesmo triste e com medo de sair na rua, não irei abaixar a cabeça" - garantiu.